Como os grandes círculos sociais promovem a confiança

Resumo:

Um novo estudo desafia a crença de que grupos maiores reduzem a cooperação, mostrando que conexões sociais flexíveis promovem um melhor trabalho em equipe. Pesquisadores descobriram que, em um jogo do dilema do prisioneiro, os participantes em grupos maiores cooperaram com mais frequência, apesar das limitações de memória.

Principais Fatos:

  • As conexões sociais flexíveis aumentam a cooperação em grupos maiores.
  • O cérebro humano utiliza instintos prosociais quando as memórias de interações anteriores são incertas.
  • Regiões cerebrais como o córtex pré-frontal e o núcleo accumbens desempenham papéis essenciais na tomada de decisão durante a cooperação.

Artigo:

Os humanos são criaturas sociais que dependem da colaboração para ter sucesso, um traço que está profundamente enraizado no funcionamento cerebral. O tamanho do cérebro de um animal muitas vezes se correlaciona com a dimensão de seus grupos sociais.

Tradicionalmente, acreditava-se que conforme os grupos crescem, a cooperação diminui. No entanto, um estudo recente liderado por Rei Akaishi no Centro de Ciências Cerebrais RIKEN demonstrou que grupos maiores podem, na verdade, aumentar a colaboração.

Os pesquisadores conduziram um experimento com 83 participantes em um jogo de “dilema do prisioneiro”, onde os jogadores escolhem entre cooperar ou agir de forma egoísta. Os grupos variavam de dois a seis indivíduos, e os participantes podiam deixar grupos indesejáveis ou remover membros não cooperativos. A atividade cerebral foi monitorada usando ressonância magnética funcional.

Os resultados foram surpreendentes: pessoas em grupos maiores cooperaram mais frequentemente, com 57% das decisões sendo cooperativas. Embora o tamanho do grupo em si não promovesse diretamente a cooperação, influenciava como as pessoas gerenciavam memórias e tomavam decisões em interações sociais.

Quando as memórias de interações passadas eram incertas, os participantes tendiam a priorizar a cooperação. Isso sugere que a incerteza pode incentivar comportamentos prosociais para manter a harmonia do grupo.

As varreduras cerebrais revelaram que regiões específicas do cérebro processavam memórias e conectavam-nas a sentimentos de recompensa. O córtex pré-frontal foi crucial para avaliar essas memórias e as tendências pessoais, orientando decisões sobre a cooperação.

Essas descobertas oferecem uma nova perspectiva sobre como os humanos constroem confiança e interagem em grupos. A pesquisa destaca os benefícios de conexões sociais flexíveis e dinâmicas, especialmente em um mundo onde as plataformas digitais prosperam com relacionamentos em constante evolução.

“Nossos achados podem ajudar a melhorar o trabalho em equipe em escolas, ambientes de trabalho e comunidades online”, afirma Akaishi.

Essa pesquisa lança luz sobre como os humanos evoluíram para cooperar em sociedades grandes, utilizando memória e adaptabilidade para colaborar eficazmente sob circunstâncias incertas.

Os autores planejam explorar mais esses achados em cenários do mundo real para entender como fatores como cultura e liderança influenciam o comportamento em grupo.

Fonte: RIKEN

Contato: Masataka Sasabe – RIKEN

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