O sono profundo impulsiona a eliminação de resíduos do cérebro, ajudando na saúde cognitiva

Resumo:

O sono profundo pode desempenhar um papel crucial na remoção de resíduos tóxicos do cérebro, mediado por norepinefrina, uma molécula que provoca contrações rítmicas nos vasos sanguíneos. Esse sistema de “lavagem cerebral”, parte do sistema glicfático, é essencial para a eliminação de proteínas prejudiciais associadas a desordens neurológicas. Estudo recente aponta que medicamentos para sono, como o zolpidem, podem prejudicar esse processo ao reduzir as ondas de norepinefrina, comprometendo a depuração de resíduos no cérebro.

Principais Fatos:

  • Fonte: Cell Press
  • Investigação: O estudo revela a importância do sono restaurador na prevenção da degradação cognitiva.
  • Descoberta: O sistema glicfático remove proteínas tóxicas durante o sono profundo, fundamental para a saúde cerebral.

Artigo:

Uma nova pesquisa publicada em 8 de janeiro na revista Cell Press mostra como o sono profundo pode eliminar o acúmulo de resíduos no cérebro durante as horas de vigília, um processo essencial para a saúde cerebral. As descobertas também fornecem importantes informações sobre como os ajudantes de sono podem interferir nesse “sistema de lavagem cerebral”, potencialmente afetando a função cognitiva a longo prazo.

Cientistas identificaram que o cérebro possui um sistema interno de remoção de resíduos, conhecido como sistema glicfático, que circula fluidos no cérebro e na medula espinhal para eliminar toxinas. As moléculas de norepinefrina desempenham um papel chave nesse processo, onde ondas de norepinefrina são liberadas pelo tronco cerebral durante o sono profundo, a cada 50 segundos.

Essas ondas provocam a contração dos vasos sanguíneos, produzindo pulsações lentas que ajudam a mover os resíduos por meio do fluido cerebral. “É como ligar a máquina de lavar louça antes de dormir e acordar com o cérebro limpo”, comenta Maiken Nedergaard, autora principal do estudo.

Além disso, o estudo investiga se todos os tipos de sono têm o mesmo efeito. Para isso, os pesquisadores administraram zolpidem em camundongos e observaram uma redução de 50% nas ondas de norepinefrina durante o sono profundo, prejudicando o transporte de fluidos para o cérebro em mais de 30%. “Com cada vez mais pessoas usando medicamentos para dormir, é importante saber se esse sono é realmente saudável”, afirma Hauglund.

As descobertas sugerem que a importância da norepinefrina na limpeza cerebral pode ser aplicada aos seres humanos, que também possuem um sistema glicfático, embora necessitem de mais estudos. A pesquisa pode ajudar a compreender como o sono de má qualidade contribui para desordens neurológicas como a doença de Alzheimer.

“Agora que sabemos que a norepinefrina é vital para a limpeza cerebral, podemos buscar maneiras de garantir que as pessoas tenham um sono prolongado e restaurador”, conclui Nedergaard.

Financiamento:

Este trabalho foi apoiado pela Fundação Lundbeck, Fundação Novo Nordisk, Institutos Nacionais de Saúde, Escritório de Pesquisa do Exército dos EUA, Programa de Ciência da Fronteira Humana, Fundação Dr. Miriam e Sheldon G. Adelson, Fundação Simons, Cure Alzheimer Fund, Danmarks Frie Forskningsfond e JPND/Good Vibes.

Autor:

Kristopher Benke – Cell Press

Contato:

Fonte: Cell Press

Pesquisa Original:

Norepinephrine-mediated slow vasomotion drives glymphatic clearance during sleep por Maiken Nedergaard et al., Cell.

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