O que faz com que os sonhos sejam memoráveis? Estudo revela três preditores principais

Por que algumas pessoas lembram mais dos sonhos do que outras?

Nem todas as pessoas lembram seus sonhos, e um novo estudo revela os motivos por trás disso.

Principais Fatos

  • A capacidade de lembrar sonhos é influenciada principalmente pela atitude em relação aos sonhos, pela tendência a divagar e por características específicas do sono.
    • Pessoas que valorizam mais os sonhos, divagram frequentemente e têm um sono mais longo, mas menos profundo, têm maior probabilidade de lembrar seus sonhos.
  • Esses resultados destacam a relação complexa entre o sono, a memória e os pensamentos que temos quando estamos acordados.

Resumo

Embora quase todas as pessoas sonhem durante o sono, a capacidade de relembrar essas experiências varia significativamente entre os indivíduos. Pesquisas têm buscado entender melhor esse fenômeno analisando os fatores que influenciam a lembrança dos sonhos.

Os resultados indicam que três fatores principais determinam se uma pessoa lembrará de seu sonho ao acordar: a atitude em relação aos sonhos, a tendência a divagar e os padrões de sono.

Detalhes do Estudo

Com o apoio da Fundação BIAL, Giulio Bernardi, da IMT School for Advanced Studies Lucca, na Itália, coordenou um estudo que reuniu relatos de sonhos, características pessoais e medidas cognitivas, psicométricas e neurofisiológicas de 217 adultos saudáveis entre 2020 e 2024.

Os resultados, publicados na revista Communications Psychology, apontaram que:

  • Pessoas que atribuem maior significado aos sonhos são mais propensas a relatar experiências de sonho ao acordar.
  • Indivíduos que divagram frequentemente têm uma maior tendência a gerar experiências semelhantes a sonhos, independentemente de estímulos externos.
  • Quem tem sono mais longo e menos profundo tem maior probabilidade de lembrar dos sonhos.

Conclusões

Além desses fatores, a capacidade de lembrar o conteúdo dos sonhos também depende da vulnerabilidade a interferências e da idade. O envelhecimento pode afetar os padrões de sono, reduzindo os períodos de sono longo e leve, o que por sua vez pode influenciar a lembrança dos sonhos.

“Esta pesquisa reforça a ideia de que os sonhos são moldados por fatores inter e intra-individuais, abrindo novas perspectivas para entender sua conexão com a memória e a mente humana”, afirma Giulio Bernardi, destacando que “o estudo dos sonhos é essencial, pois sabemos que eles desempenham um papel fundamental na aprendizagem, na consolidação da memória e até mesmo em nossa saúde mental e física”.

Referências

Autor: Giulio Bernardi

Fonte: Fundação BIAL

Contato: Giulio Bernardi – Fundação BIAL

Imagem: Créditos para Neuroscience News

Pesquisa Original: Acesso livre. “The individual determinants of morning dream recall” por Giulio Bernardi et al., publicado na revista Communications Psychology.

Léo Garcia é pesquisador com formações em Neurociência Comportamental (PUC), Clínica (Duke University) e Translacional (Harvard Medical School). Especialista em tDCS, sono e comportamento, é fundador do Neurociencianews.com, e o NeurologicBr Institute onde divulga ciência baseada em evidências com foco em cognição, saúde cerebral e neurotecnologia.

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