Mudança cerebral na puberdade pode explicar o autismo em um distúrbio genético




Mudanças na Conectividade Cerebral e Risco de Transtornos Neuropsiquiátricos

Mudanças na Conectividade Cerebral e Risco de Transtornos Neuropsiquiátricos

Resumo

Pesquisadores identificaram alterações na conectividade cerebral antes e após a puberdade que podem explicar por que algumas crianças com síndrome da deleção cromossômica 22q11.2 são mais suscetíveis ao autismo e à esquizofrenia. Utilizando imagens cerebrais em camundongos e humanos, o estudo revelou que regiões do cérebro envolvidas no comportamento social estavam hiperconectadas na infância, mas apresentavam menor conectividade após a puberdade. Essas mudanças estão aparentemente relacionadas a alterações na estrutura sináptica, particularmente uma perda acentuada de espinhas dendríticas após a puberdade. A inibição de uma proteína-chave, a GSK3-beta, restaurou parcialmente a conectividade nos camundongos, indicando um possível alvo terapêutico para transtornos do desenvolvimento neurológico.

Principais Fatos

  • A síndrome da deleção cromossômica 22q11.2 está associada a um maior risco de desenvolver transtornos neuropsiquiátricos, como autismo e esquizofrenia.
  • Estudos de imagem cerebral em humanos e camundongos mostraram que regiões cerebrais envolvidas no comportamento social são hiperconectadas na infância, mas apresentam menor conectividade após a puberdade.
  • As mudanças na conectividade cerebral estão relacionadas a alterações na estrutura sináptica, especialmente uma perda significativa de espinhas dendríticas após a puberdade.
  • A inibição da proteína GSK3-beta em camundongos restaurou parcialmente a conectividade cerebral e a densidade de espinhas dendríticas, indicando um possível alvo terapêutico.
  • Os resultados sugerem que a disfunção sináptica pode estar na base das alterações na atividade cerebral e comportamento social em indivíduos com síndrome da deleção 22q11.2.

Conclusão

Este estudo, liderado por pesquisadores da UCLA e do Istituto Italiano di Tecnologia, fornece novas evidências sobre os mecanismos biológicos subjacentes à associação entre a síndrome da deleção cromossômica 22q11.2 e o risco aumentado de transtornos neuropsiquiátricos. As descobertas sugerem que a disfunção sináptica durante o desenvolvimento pode ser um fator-chave nas alterações na conectividade cerebral e no comportamento social. Esses resultados abrem caminho para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas visando reduzir os sintomas associados a essa síndrome.

Fonte: UCLA


Léo Garcia é pesquisador com formações em Neurociência Comportamental (PUC), Clínica (Duke University) e Translacional (Harvard Medical School). Especialista em tDCS, sono e comportamento, é fundador do NeurocienciasNews.com, onde divulga ciência baseada em evidências com foco em cognição, saúde cerebral e neurotecnologia.

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